quinta-feira, 6 de julho de 2017

A INFINITUDE DE DEUS

Pr. David Marcos, Quarta, 08 de Janeiro de 2014 

“Levante-se, homenzinho! Deixe por um pouco as suas ocupações, afaste-se um momento dos seus pensamentos perturbadores. Deixe de lado o fardo dos seus cuidados, e guarde para depois os seus negócios trabalhosos. Tome algum tempo para passar com Deus, e descanse nele por um pouco. Entre na câmara interior da sua mente; desligue todo pensamento que não seja de Deus e daquilo que possa auxiliar você a busca-lo. Fale agora, de todo o coração! Fale agora a Deus: Eu busco a tua face. A tua face, Senhor, eu buscarei”. Anselmo (teólogo italiano do século XI)
Nós seres humanos, calculamos, rotulamos e qualificamos tudo ao nosso redor através de medidas. O peso indica a força da gravidade da terra sobre os corpos celestes. A distância mede os intervalos entre os corpos no espaço. O comprimento significa a extensão no espaço. Existem outras medidas que são utilizadas para líquidos, energia, som, luz e números. Também tentamos medir coisas abstratas, por exemplo, falamos de grande ou pequena fé, alta ou baixa inteligência, maior ou menor talento. Nada disto se aplica a Deus! Os nossos conceitos de medida se aplicam a homens, montanhas, estrelas, átomos, gravidade, velocidade, mas eles jamais poderão medir a Deus. Isto porque as medidas mostram as limitações e as imperfeições daquilo que foi medido. Deus está acima, além e fora de tudo isto.
As ferramentas de medição são aplicáveis as obras de Deus, mas não a Ele. Não temos como falar de medidas e quantidades, tamanho e peso ao nos referirmos a Deus. É impossível medir ou quantificar as características do Ser divino. Tudo que Deus é, Ele o é sem crescimento, soma ou desenvolvimento. Nada em Deus é menos ou mais, grande ou pequeno.
O atributo divino que nos ensina todas estas coisas é o atributo da infinitude de Deus. Dizer que Deus é infinito é dizer que não existe meio de medi-lo. O que Deus é, e tudo que Deus é, Ele o é sem limite algum.
A infinitude de Deus está diretamente ligada a todos os outros atributos de Deus. A bondade de Deus é infinita, a misericórdia de Deus dura para sempre, o seu amor não tem limites. Isto significa que se existissem dez mil mundos como este, a todos eles o amor de Deus contemplaria. Isto significa que a misericórdia infinita de Deus continuará, em todos os dias de nossas vidas, nos livrando daquilo que nós merecemos. A graça infinita de Deus continuará nos oferecendo inúmeras bênçãos que nós não merecemos. Quando você cometer aquele pecado trigésima terceira vez, Deus poderá perdoá-lo se você o buscar.
Outra característica muito interessante da infinitude de Deus é o fato de que é bem possível que existam atributos divinos que sequer imaginamos. Se Deus não conhece limites, isso significa que podem existir atributos divinos que não conhecemos ou que não possuem significado para nós seres humanos. Por exemplo, qual o significado da misericórdia e da graça de Deus para os anjos? Por nunca terem pecado, jamais tiveram necessidade destes atributos divinos. Portanto, visto que Deus é infinito, podem existir outros aspectos da personalidade dEle que não nos foi revelada. São como a face oculta da lua, existe, mas nunca foi explorada. Assim como a misericórdia e a graça não possuem nenhum significado para os anjos, pode ser que existam atributos divinos que não possuem nenhum significado para os homens.
Os teólogos classificam a infinitude de Deus de duas maneiras. Quando relacionada ao tempo, eles a chamam de Eternidade. Quando relacionada ao espaço, eles a chamam de Onipresença. Hoje falaremos da Eternidade e na próxima mensagem da Onipresença.
A ETERNIDADE DE DEUS

“Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus”. (Salmo 90:2)  Quem veio primeiro o ovo ou a galinha? Criacionismo e Evolucionismo apresentam respostas divergentes. Os criacionistas entendem que a Galinha, assim como os outros animais ovíparos, passou a existir em primeiro lugar - no ato da Criação - já com a capacidade de botar ovos. Portanto, pelo ponto de vista Criacionista temos a Galinha como antecessora do Ovo. Os evolucionistas entendem que ocorreu todo um processo de evolução até que determinados animais que já nasciam de ovos, viessem a se transformar nas aves. Sendo assim, o Ovo, por ser mais antigo na natureza, antecede a Galinha. Antecede até mesmo os dinossauros e peixes.
Na verdade, grande parte dos cientistas entende que o ovo veio primeiro. Pensam assim porque segundo eles, o material genético não se transforma durante a vida do animal, e a primeira ave que se transformou no que chamamos hoje de uma galinha, existiu primeiro como embrião no interior de um ovo.
Essa questão é chamada de “paradoxo cíclico de causa e efeito”, ou seja, algo cuja existência depende de outra, que por sua vez é a causa da existência de algo. Entendeu? Não?! O fato é que existem algumas explicações, muitas contestações e a discussão permanece.
O que este paradoxo cíclico de causa e efeito, ou seja, esta pergunta do ovo e da galinha nos mostram é o seguinte: O ser humano possui uma enorme inquietação com respeito às origens das coisas. Por que fiquei doente? Por que não consigo me concentrar? Por que ele não me ama? Por que o carro deu defeito? Por que a vida é do jeito que é? Por que nosso relacionamento não deu certo? Por que, por que, por quê...? Quem nunca se perguntou:  “Onde foi que eu errei?” Temos uma inquietação sobre a origens das coisas.
A palavra “origem” só se aplica às coisas criadas. Tudo o que existe um dia foi criado, foi chamado à existência, passou a existir. Isto só não é verdade em relação ao Criador de todas as coisas. Ao pensarmos em qualquer coisa que tenha origem, não estamos pensando em Deus, afinal, o nosso Criador, é auto existente, não tem origem. É exatamente isto que o distingue de tudo o que existe. Este é um dos motivos pelos quais Ele é Deus.
Quando refletimos sobre a origem das coisas, chegamos a algumas conclusões. Primeiro, tudo o que existe foi criado por alguém, e este alguém não foi criado por ninguém. Segundo, aquilo que existe precisa ter uma causa anterior, o menor não pode produzir o maior. Terceiro, aquele que é o causador de tudo, não foi causado por ninguém.
Quando você era criança, certamente você se deparou com o seguinte raciocínio: “Quem criou Deus? De onde veio Deus? Quem criou o Criador de Deus?” Este pensamento teve início numa outra reflexão: “Quem criou papai? Vovô. Quem criou vovô? Bisavô. Quem criou o bisavô...?” E assim a criança chega até Deus. A criança que faz este raciocínio já possui os conceitos de causa, fonte e origem. Ela sabe que tudo o que está a sua volta veio de algum lugar. O que este pequeno filósofo está fazendo ao raciocinar desta forma é estender o raciocínio até Deus. E quando ele chega em Deus... o raciocínio trava! É preciso ensiná-lo que Deus não teve origem.  Ela terá dificuldade de entender isso. Aliás, nem as melhores mentes deste mundo conseguem raciocinar bem sobre este assunto. Nossa mente finita e limitada não consegue pensar em algo que não teve origem. É neste momento que entra a fé ou a descrença. É neste momento que precisamos lembrar que Deus é incompreensível
Infelizmente, pensar na eternidade de Deus é um assunto que não atrai muito a atenção das pessoas. Primeiro porque nos humilha, afinal, nos mostra como somos pequenos, efêmeros e passageiros. Segundo porque preferimos pensar em coisas mais fáceis, mais práticas: “Como acabar com a ansiedade? Como manter a esperança mesmo desempregado?” “O que fazer com o meu filho rebelde? Qual o segredo para uma família feliz?” “Como proceder com o marido incrédulo?” “Quais são os doze passos para a felicidade? E os cinco caminhos para um casamento feliz?”.
Pensamos que um assunto como este é para grandes teólogos, filósofos e pensadores... Alguém colocou na nossa cabeça que temas como este é para serem estudados em seminários. Ledo engano. Este assunto é ensinado em vários momentos nas Escrituras: “O número dos seus anos não se pode calcular” (Jó 36:26). “Eu sou o Alfa e o ômega, aquele que é, que era e que há de vir” (Ap. 1:8). “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo. 8:58)Esta expressão revela uma existência contínua, que existe eternamente. Portanto, fica claro que este é um assunto que Deus desejou que aprendêssemos e nele meditássemos.
 “De eternidade em eternidade tu és Deus”. (Sl. 90:2) A física afirma que a matéria, o tempo e o espaço precisam ocorrer ao mesmo tempo. Se não há matéria, não pode haver nem espaço nem tempo. Ou seja, antes de Deus criar o universo, não havia “tempo” como nós, seres humanos, conhecemos. Nós conhecemos o tempo como uma sucessão de eventos, tendo a relação do “antes” e do “depois” nos concedendo a noção de tempo. Nós esperamos que o sol se mova do leste para o oeste, aguardamos o ponteiro do relógio dar voltas no mostrador. São situações assim que nos concedem noções de tempo.
Quando a física afirma que a matéria, o tempo e o espaço precisam ocorrer ao mesmo tempo, ela nos ensina que o tempo não possui existência própria. Ou seja, o tempo só passou a existir no momento em que apareceram a matéria e o espaço. Em outras palavras, no momento em que Deus criou o universo. Que coisa impressionante! “Começou” é uma palavra que se aplica ao tempo, mas não ao Criador. Talvez seja por isso que Isaías falou que o nosso Deus é o “Pai da eternidade”, aquele que é o Criador do tempo. Passado, presente e futuro são marcações de tempo para nós, homens mortais, não para Deus.
Isso nos conduz a outra reflexão importantíssima! Para Deus, tudo o que vai acontecer já aconteceu. Ele vê o fim e o início de uma única vez. Deus olha para o tempo, para as eras, para os milênios como se fosse uma coisa só. Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite”. (Sl. 90:4) Todos nós, ao contrário dos elefantes, não conseguimos guardar acontecimentos de anos atrás. Nossa memória consegue guardar apenas episódios recentes. Para muitas pessoas (eu) meses e semanas já é um suplício!Os políticos adoram esta característica humana. O salmista nos diz que Deus percebe mil anos “como o dia de ontem”. Ele consegue se lembrar detalhadamente de todos os acontecimentos de mil anos atrás como se os mesmos tivessem ocorrido a menos de 24 horas. Desejando fortalecer a ideia, o salmista diz que para Deus mil anos são como “a vigília da noite”. É como se aquilo que aconteceu há um milênio tivesse acontecido 4 horas atrás!
Vale lembrar que a expressão “mil anos” é apenas uma maneira encontrada pelo salmista para expressar a maneira com que Deus se relaciona com o tempo. Isso não significa que o que aconteceu a 1100 ou 1200 anos atrás Deus não se lembre. O que o salmista está nos ensinando é que Deus enxerga toda a história como uma coisa só. Passado, presente e futuro estão diante de Deus como uma coisa só.
Por outro lado, preste atenção no que diz o apóstolo Pedro: “Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. (II Pe. 3:8) Percebeu a diferença? Pedro está citando o salmista, no entanto, ele nos dá um detalhe a mais: “Um dia é como mil anos”. Qualquer dia, do ponto de vista divino, parece durar “mil anos”. É como se esse dia jamais terminasse, mas estivesse sempre sendo vivido. Qualquer dia para Deus parece estar acontecendo continuamente.
Juntando a expressão do salmista e a do apóstolo Pedro poderíamos dizer que para Deus qualquer período extremamente longo de tempo é como se tivesse acabado de acontecer. Qualquer período muito curto de tempo – um dia, por exemplo – é como se durasse para sempre. Moral da história: O que aconteceu jamais deixa de ser “presente” na mente de Deus. “Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim, que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam”. (Is. 46:9,10)
“De eternidade em eternidade tu és Deus”. (Sl. 90:2) Apesar de estar acima e de não ser influenciado pelo tempo, Deus age no tempo. A ação de Deus acontece no tempo e não fora dele. “Vindo a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei”. (Gl. 4:4,5) Paulo nos diz que Deus estava atento aos acontecimentos que se sucediam no tempo. E quando chegou o momento certo, na“plenitude dos tempos” Ele enviou o seu Filho ao mundo. Outro texto que mostra a atuação de Deus dentro do tempo é o de Atos 17:30,31: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabelece um dia que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou”. Essa afirmação de Lucas inclui uma descrição de como Deus agiu no passado, a maneira de Deus agir no presente e uma ação divina nos dias que estavam por vir, ou seja, no futuro. Ou seja, apesar de estar acima e de não ser influenciado pelo tempo, Deus age no tempo.
Quais aplicações deste atributo divino podem ser retiradas para as nossas vidas?
Primeiro, a eternidade de Deus realça a nossa finitude e isto deveria levar-nos a “remir o tempo”. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos corações sábios”. Ao contrário de Deus nós temos os nossos dias contados. Não vamos viver para sempre neste mundo no qual estamos. Tal realidade deve nos levar a refletir sobre várias coisas.
Uma das reflexões que este assunto deve infundir em nós é sobre prioridades. Spurgeon dizia que para o pastor é mais importante aprender a dizer “não” do que aprender grego. Não importa quantas coisas o pastor tente fazer, sempre haverá mais a ser feito. “Algumas coisas boas que tentam exigir a atenção do pastor têm de ser deixadas sem fazer! Isto é preciso acontecer para que ele possa fazer aquilo que é mais excelente!”. Nós criaturas finitas, devemos aprender a dizer “não” sem nenhum constrangimento. Dizer “não” para coisas boas, agradáveis, e até para oportunidades maravilhosas. Se o seu limite de tempo, baseado em prioridades mais elevadas, não deixar espaço para estas coisas, não tenha nenhum constrangimento de dizer “não”.  Isso nunca é fácil nem agradável. Mas é o correto.
Alguém certa vez observou o seguinte: Para você perceber o valor de "um ano", pergunte a um estudante que repetiu de ano. Para perceber o valor de "um mês", pergunte para uma mãe que teve seu bebê prematuramente. Para perceber o valor de "uma semana", pergunte a um editor de um jornal semanal. Para perceber o valor de "uma hora", pergunte aos amantes que estão esperando para se encontrar. Para perceber o valor de "um minuto", pergunte a uma pessoa que perdeu um trem. Para perceber o valor de "um segundo", pergunte a uma pessoa que conseguiu evitar um acidente. Para perceber o valor de "um milésimo de segundo" pergunte a alguém que ganhou a medalha de prata numa competição de natação em uma olimpíada.
Jonathan Edwards certa vez disse o seguinte: “È possível perder dinheiro e recuperá-lo mais tarde. Semelhantemente, posso perder a saúde e ainda recuperá-la. Poso até perder um relacionamento e restaurá-lo depois. Mas a perda de tempo nunca poder ser recuperada”.  Rubem Alves também dá a sua contribuição: “Quem sabe que o tempo está fugindo descobre a beleza única do momento em que nunca mais será”.
O contraste da eternidade de Deus com a nossa finitude e limitação deve levar-nos a estabelecer prioridades. “Logo estaremos na eternidade e então perceberemos que importava muito pouco se algumas coisas eram feitas ou não; contudo, agora corremos como se fossem de importância máxima. Quando éramos crianças pequenas, recolhíamos, animadamente, pedaços de telhas quebradas, varetas e lama para usar na construção de uma casa e de outros pequenos prédios e, se alguém os derrubasse, ficávamos extremamente tristes e como chorávamos! Hoje, no entanto, compreendemos que essas coisas não tinham grande valor. Um dia será assim para nós no céu, quando compreenderemos que algumas das coisas às quais nos apegamos na terra eram fixações infantis”. (Françoise Fenelon)
Segundo, o inimigo da Terra se tornará um aliado no céu. Nós, pobres criaturas, somos seres extremamente limitados. Os dias e anos de nossa vida são poucos e rápidos. Nosso corpo nos impõe uma série de limitações. Quantas coisas gostaríamos de aprender, de fazer, de conhecer, de realizar... mas o tempo não permite. Quantas viagens gostaríamos de fazer, quantos lugares por conhecer... mas o tempo não nos permite. Quantas possibilidades, quantas oportunidades, quantas portas que se abrem... mas o tempo não permite. Quantos livros para ler, filmes para ver, encontros para participar, entretenimento para usufruir... Mas o tempo não permite! Com Deus não é assim. Para Ele o tempo não passa, permanece. Anos de eternidade se encontram à sua disposição. Deus não tem pressa, não tem que correr contra o tempo.
Esta verdade acerca de Deus será verdade a nosso respeito lá no céu. Para aqueles que estão em Cristo o inimigo da terra se tornará um aliado no céu. Lá no céu desfrutaremos de todas estas oportunidades! Lá no céu iremos usufruir do tempo sem limites, dos anos sem fim.
Terceiro, Deus é ao mesmo tempo infinito e pessoal. Esta é mais uma doutrina que faz do cristianismo uma religião singular. Este Criador que está muito acima de qualquer coisa que exista, relaciona-se conosco como uma pessoa, dando-nos o privilégio de falar com Ele, clamar a Ele, relacionar-se com Ele, amar a Ele, obedecer a Ele. Você tem noção disto?! O Criador deste universo está acessível a mim e a você!
Nenhuma outra religião do mundo ensina esta doutrina. Quando Jesus apareceu chamando a Deus de “Aba”, isto foi um grande escândalo entre os judeus. Os deuses da mitologia grega e romana eram pessoais – relacionavam-se com pessoas – contudo, não eram infinitos, tinham fraquezas, falhas morais, rivalidades mesquinhas. O deísmo retrata um Deus infinito, contudo, afastado do mundo, alguém que criou e abandonou. O panteísmo também afirma que Deus é infinito, mas incapaz de relacionar-se com pessoas. Estas religiões defendem um deus grandioso, infinito, poderoso, porém, impessoal. Entendem que se Deus é infinito não pode ser pessoal, e se é pessoal, não pode ser infinito.
O Deus revelado nas Escrituras é aquele que conta as estrelas pelo nome, mas também conhece o CPF de cada um de nós; é Aquele que considera as nações como gotas de água dentro de um balde, mas sabe da lágrima que você derramou ontem à noite; é Aquele que criou os luminares e sustenta todo o universo pela palavra do seu poder, no entanto, conhece as dificuldades da sua família, a depressão da sua filha, a incredulidade do seu tio; é Aquele que idealizou cada galáxia deste universo, bem como a digital do seu polegar. O Criador, disse Agostinho, “Cuida de cada um de nós como se não tivesse mais nada para cuidar”.
Compreende que você não está protegido (a) e guardado (a) por qualquer um? O Criador e Sustentador de coisas é aquele que cuida de você. “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu em quem confio”. (Sl. 91:1,2)

Nunca se turbe, ó crente, teu triste coração! Eis com ternura exclama, quem te deu salvação:
Confia em mim somente, somente em meu poder, e nas mansões eternas comigo irás viver.

Exulta ó crente, exulta! Ao Salvador bendiz!  Por Ele protegido, és livre e és feliz!

            SOLI DEO GLÓRIA!
            Rm. 11:36

Fonte: http://www.batistareformada.com.br/mensagens_em_texto/127-a-infinitude-de-deus

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A Infinidade de Deus



por
Louis Berkhof



Infinidade é a perfeição de Deus pela qual Ele é isento de toda e qualquer limitação. Ao atribuí-la a Deus, negamos que haja ou que possa haver quaisquer limitações do Ser divino e dos Seus atributos. Isto implica que Ele não é limitado de maneira nenhuma pelo universo, por este mundo caracterizado pela relação tempo-espaço, e que Ele não fica encerrado no universo. Isto não implica Sua identidade com a soma total das coisas existentes, nem exclui a coexistência das coisas finitas e derivadas, comas quais Ele mantém relação. A infinidade de Deus deve ser concebida como intensiva, antes que extensiva, e não deve ser confundida com extensão ilimitada, como se Deus estivesse espalhado pelo universo todo, uma parte aqui, outra ali, pois Deus não tem corpo e, portanto, não tem extensão espacial. Tampouco deve ser considerada como um conceito meramente negativo, embora seja perfeitamente verdadeiro que não podemos formar uma idéia positiva da infinidade. É uma realidade em Deus e só por Ele compreendida plenamente. Distinguimos vários aspectos da infinidade de Deus.

1. SUA PERFEIÇÃO ABSOLUTA.
 Esta é a infinidade do Ser Divino considerada em si mesma. Não deve ser considerada num sentido quantitativo, mas qualitativo; ela qualifica todos os atributos comunicáveis de Deus. O poder infinito não é um quantum absoluto, mas sim, uma santidade qualitativamente livre de toda limitação ou defeito. O mesmo se pode dizer do conhecimento infinito, da sabedoria infinita, do amor infinito e da justiça infinita. Diz o dr. Orr: “Talvez possamos dizer que, em última análise a infinidade de Deus é: (a) interna e qualitativamente, ausência de toda limitação e defeito;(b) potencialidade ilimitada”. Neste sentido da palavra, a infinidade de Deus é simplesmente idêntica à perfeição do Seu divino Ser. A prova bíblica disto acha-se em Jó 11.7-10; Sl 145.3; Mt 5.48.

2. SUA ETERNIDADE.
 A infinidade de Deus em relação ao tempo é denominada eternidade – Sua eternidade. A forma em que a Bíblia apresenta a eternidade de Deus é simplesmente a de duração pelos séculos sem fim, Sl 90.2; 102.12; Ef 3.21. Devemos lembrar, porém, que ao falar como fala, a Bíblia emprega linguagem popular, e não a linguagem da filosofia. Geralmente pensamos na eternidade de Deus da mesma maneira, a saber, como duração infinitamente prolongada, para trás e para diante. Mas este é apenas um modo popular e simbólico de representar aquilo que, na realidade, transcende o tempo e dele difere essencialmente. A eternidade, no sentido estrito da palavra, é adstrita àquilo que transcende todas as limitações temporais. Que o termo se aplica a Deus nesse sentido é ao menos ensinado em 2 Pe 3.8. “O tempo”, diz o dr. Orr, “estritamente falando, tem relação com o mundo de objetos existentes em sucessão. Deus preenche o tempo; Ele está em cada partícula dele; mas a Sua eternidade , todavia, não é realmente este estar no tempo. É antes, aquilo com o que o tempo forma um contraste”. Nossa existência é assinalada por dias, semanas, meses e anos; não é assim a existência de Deus. A nossa vida se divide em passado, presente e futuro, mas não há essa divisão na vida de Deus. Ele é o eterno “Eu Sou”. A sua eternidade pode ser definida como a perfeição de Deus pela qual Ele é elevado. Acima de todos os limites temporais e de toda sucessão de momentos, e tem a totalidade da Sua existência num único presente indivisível. A relação da eternidade com o tempo constitui um dos mais difíceis problemas da filosofia e da teologia, talvez de impossível solução em nossa condição atual.

3. SUA IMENSIDADE.
 A infinidade de Deus também pode ser vista com referência ao espaço, sendo, então, denominada imensidade. Esta pode ser definida como a perfeição do Ser Divino pela qual Ele transcende todas as limitações espaciais e, contudo, está presente em todos os pontos do espaço com todo o Seu Ser. Ela tem um lado negativo e um lado positivo, negando todas as limitações do espaço ao Ser Divino, e afirmando que Deus está acima do espaço e ocupa todas as partes deste com todo o Seu Ser. As últimas palavras são acrescentadas para evitar a idéia de que Deus se difunde pelo espaço, como se uma parte do Seu Ser estivesse num lugar e outra parte noutro. Distinguimos três modos de presença no espaço. Os corpos ocupam o espaço circunscritivamente, porque são limitados por ele; os espíritos finitos ocupam o espaço definidamente, visto que não estão em toda parte, mas somente num dado e definido lugar; e, em distinção de ambos estes modos, Deus ocupa o espaço repletivamente, porque ele preenche todo o espaço. Ele não está ausente de nenhuma parte do espaço, nem tampouco está mais presente numa parte que noutra.
Em certo sentido, os termos “imensidade” e “onipresença”, como são aplicados a Deus, denotam a mesma coisa e, portanto, podem ser considerados sinônimos. Todavia, há um ponto de diferença que deve ser observado cuidadosamente. “Imensidade” aponta para o fato de que Deus transcende todo o espaço e não está sujeito às suas limitações, ao passo que “onipresença” denota que, não obstante, Ele preenche todas as partes do espaço com todo o Seu Ser. O primeiro salienta a Transcendência, e o último, a imanência de Deus. Deus é imanente em todas as Suas criaturas, na Sua criação inteira, mas de modo nenhum é limitado a esta. No que diz respeito à relação de Deus com o mundo, devemos evitar, por um lado, o erro do panteísmo, tão característico de grande parte do pensamento atual, com a sua negação da transcendência de Deus e a sua suposição de que o Ser de Deus é realmente substância de todas as coisas; e, por outro lado, o conceito deísta de que Deus está de fato de que Deus está de fato presente na criação per potentiam (com o Seu poder), não porém per essentiam et naturam(com a essência e natureza do Seu Ser), e age sobre o mundo à distância. Apesar do fato de que Deus é distinto do mundo e não pode ser identificado com ele, não obstante está presente em cada parte da Sua criação, não somente per potentiam, mas também per essentiam. Não significa, porém, que ele está igualmente presente, e presente no mesmo sentido em todas as Suas criaturas. A natureza da Sua permanência está em harmonia com a das Suas criaturas. Ele não habita na terra do mesmo modo como habita no céu, nem nos animais como habita no homem, nem na criação inorgânica como na orgânica, nem dos ímpios como nos piedosos, nem na Igreja como em Cristo. Há uma infinda variedade nas maneiras pelas quais ele é imanente em Suas criaturas, e na medida em que elas revelam Deus aos que têm olhos para ver. A onipresença de Deus é revelada claramente na Escritura. O céu e aterra não podem contê-lo, 1 Rs 8.27; Is 66.1; At 7.48, 49; e ao mesmo tempo Ele preenche ambos e é Deus acessível, Sl 139.7-10; Jr 23.23, 24; At 17.27, 28.
Fonte:http://www.monergismo.com/textos/atributos_deus/infinidade_deus_berkhof.htm

quarta-feira, 22 de março de 2017

Fundamentos Reformados: Crente não se suicida?

Fundamentos Reformados: Crente não se suicida?

Fundamentos Reformados: Crente não se suicida?

Fundamentos Reformados: Crente não se suicida?

Crente não se suicida?

Nunca fiz um estudo bíblico detalhado sobre suicídio, apesar de ter escrito sobre eutanásia e muito do que aprendemos sobre esta prática se aplica ao suicídio, pois em ambas situações lidamos com a valorização da vida. Mesmo assim, tenho alguns pensamentos sobre o assunto.

Alguns apontam a morte de Sansão (Jz 16. 29-31) como sendo um exemplo de um servo de Deus que se suicidou. Mas observo que a posição de Sansão não pode ser vista como normativa ou até exemplificativa da questão. Sansão era mais um prisioneiro de guerra, do que qualquer outra coisa. Ele e o país se achavam em uma situação emergencial de conflito, como descrevem os capítulos 13 a 16 do livro de Juízes. Vemos, em sua ação, não um suicídio por desespero, pelo fato de estar cego, mas um ato de um guerreiro que não hesita em sacrificar sua vida em função de uma grande vitória - o seu brado final comprova isso (“morra eu com os filisteus!”).

Uma outra passagem é Jó 6.11. Ali vemos retratado o sentimento e desespero de Jó, no qual ele aventa o suicídio. No entanto, não o faz e não segue o "conselho" dos seus amigos, apesar de clamar: "Por que esperar, se já não tenho forças? Por que prolongar a vida, se o meu fim é certo?".

O apóstolo Paulo, em certa situação, diz preferir a morte mais do que a vida (Fl 1.23-24), mas ele faz uma avaliação racional da situação e verifica que a prioridade não é o alívio de suas dificuldades, que adviria com a morte, mas a fidelidade à sua missão na terra: "Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne".

Mas e se a racionalidade, que contextualizou as observações de Jó e de Paulo estiver momentaneamente, ou permanentemente, ausente? Será que uma pessoa, crente, não pode ser levada ao suicídio, em situações como esta?Outra questão a ponderar: não temos exemplo de suicídio consciente e aprovado nas Escrituras, mas, quando alguma pessoa coloca a sua vida em risco não dizemos: "isso é suicídio" – ou seja, se alguém sabe que a vida está em risco e não faz nada para impedir o risco e preservar à vida, interpretamos como suicídio. Mas e o caso do Senhor Jesus, que mesmo sabendo que iria morrer, seguiu o caminho da morte. E tem mais - ele disse que ninguém tirava a vida dele, ele a dava voluntariamente. É lógico que temos todos os qualificativos e aspectos de expiação e substituição vicária do plano de redenção e eles nos fazem não considerar a morte de Cristo como "suicídio".

Entretanto, será que não existem outros contextos explicativos, tais como perda da capacidade de raciocínio, ou distorção da capacidade adequada de julgamento, causada por pressão intensa circunstancial, etc. que possam levar um crente a este estágio?

Não tenho as respostas, mas não encontrando uma passagem explícita, nas Escrituras, que indique que o Espírito Santo impedirá que nossa natureza pecaminosa e o pecado do mundo se concretize em tal situação, tenho que deixar a possibilidade aberta e examinar caso a caso, em vez de fechar questão e categoricamente dizer: "crente não se suicida", como sempre aprendi, desde pequeno...