sábado, 7 de abril de 2012




DEPRAVAÇÃO TOTAL 



A medida em que consideramos o primeiro dos cinco pontos do calvinismo, certamente o que deve nos impressionar é o fato  deste sistema começar por algo fundamental á questão da salvação, a saber, uma avaliação correta da condição daquele que deverá ser salvo. Se tivermos uma perspectiva deficiente e amena sobre o pecado, então estamos sujeitos a ter uma perspectiva deficiente quanto aos meios necessários para a salvação do pecador. Se acreditarmos que a queda do homem no jardim do Éden foi só parcial, então é provável que fiquemos satisfeitos com uma salvação que seja atribuível parcialmente ao homem e parcialmente a Deus. Como palavras de J.C. Ryle sobre o assuntos são cheios de bom senso! “Existem muito poucos erros e doutrinas falsas”, diz ele, “cujas origens não possam ser vinculadas a pontos de vista incorretos sobre a corrupção da natureza humana. Perspectivas erradas sobre uma doença sempre trarão consigo perspectivas erradas sobre uma cura. Perspectivas erradas sobre a corrupção da natureza humana sempre trarão consigo perspectivas erradas sobre o grandioso antídoto e cura daquela corrupção”.

Com plena consciência de que este era o caso, os teólogos da reforma e aqueles que reduziram os ensinamentos reformados a esses cinco pontos no Sínodo de Dort, baseando seus julgamentos firmemente nas Escritura, afirmaram que o estado natural do homem era de total depravação, e portanto havia total incapacidade do homem para obter ou contribuir a favor de sua própria salvação.

Quando os calvinistas falam de em depravação total, entretanto, não querem dizer que todo homem é tão mau quanto poderia ser, nem que o homem seja incapaz de reconhecer a vontade de Deus: nem ainda que seja incapaz de fazer o bem para os seus semelhantes, ou até de ser submisso extremamente ao culto a Deus. O que querem dizer é que quando o homem caiu no Jardim do Éden, caiu em sua “totalidade”. A personalidade do homem foi afetada como um todo pela Queda, e o pecado atinge a todas as faculdades – a vontade, o entendimento, as afeições, etc. Acreditamos que isso é irrefutavelmente ensinado na palavra de Deus, á qual passamos a nos referir. O segue é somente uma seleção da Escrituras que confirmam os ensinamentos da teologia reformada calvinista sobre a depravação total.

A Bíblia ensina com clareza absoluta que o homem, por natureza, está MORTO:“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”(Rm 5.12).

A Bíblia nos diz que o homens estão AGRILHADOS.  “disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade”(2Tm 2.25-26).

Mostra-nos que o homem é CEGO e SURDO. “...mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam”(Mc 2.11-12).

Mostra-nos, também, que somos IGINORANTES. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”(1Co 2.14).

A Bíblia fala de nós como sendo PECAMIOSOS POR NATUREZA.

1º Por nascimento: “Eu nasci na iniqüidade,
e em pecado me concebeu minha mãe”(Sal 51.5).

2º Por pratica: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”(Gn 6.5).

Esse então é o estado natural do homem. Portanto, devemos perguntar: podem os MORTOS se levantar? Podem os PRESOS se libertar? Podem os CEGOS dar-se visão, ou os SURDOS audição? Podem os ESCRAVOS se remir? Podem os IGINORANTES ensinar a si mesmo? Podem os PECAMINOSOS POR NATUREZA mudar a si mesmo? Certamente que não! “Quem do imundo tirará o puro?” pergunta Jó; e responde “Ninguém” (Jó 14.4).

“Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal”(Jr 13.23).

Poderia a Palavra de Deus mostrar mais claramente do que faz, que a depravação total? O quadro é de morte – morte espiritual. Somos como Lázaro em seu túmulo; mãos e pés amarrados; fomos tomados pela corrupção. Assim como não havia qualquer lampejo de vida no corpo morto de Lázaro, assim também não há “centelha interna receptiva” em nossos corações. Mas o Senhor opera o milagre – tanto com o fisicamente morto, quanto com o espiritualmente morto; pois “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”(Ef 2.1). Salvação, por sua própria natureza, tem que ser “do Senhor”.