domingo, 9 de dezembro de 2012



"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Rm 8.28) A melhor evidência escrita registra esse versículo como "sabemos que Deus faz com todas as coisas..." bem. Em sua providência, Deus orquestra cada acontecimento da vida, mesmo o sofrimento, a tentação e o pecado, para trazer tanto beneficio passageiros como eterno. "que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões e de secura, em que não havia água; e te fez sair água da pederneira; que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheciam; para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem" (Dt 8. 15-16).
“Chamados” texto grego registra isso como três privilégios distintos.

1)   Deus amou os seus.
“Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5).

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?” (Rm 8.35).
“para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado” (Ef 1.6).

4Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou 5e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, – pela graça sois salvos,” (Ef 2.4-5).

“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.” (1Jo 3.1).

2) Ele estendeu a eles não apenas o convite geral e exterior para crer, mas o seu chamado efetivo “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu sou Deus, 
e não há outro” (Is 45.22).

“Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto” (Is 55.6).

“Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33.11).

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28).

“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7.37).

 “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.” (Ap 22.17), mas o seu chamado efetivo – ou atrair para si todos aqueles que ele escolheu para salvação. 

“E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” (Rm 8.3).

13Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, 14para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.” (2Ts 2.13-14).

“que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2Tm 1.9).

3) Deus separou os cristãos do pecado para si, de modo que eles são santos.

16Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 17Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.” (1Cor 3.16-17).

“5também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. 6Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. 7Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular 8e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos. 9Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1Pe 2.5-9). 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.”(Tg 5.14). Nos tempos antigos, o azeite de oliva era usado com frequência na medicina (Marcos 6.13; Lucas 10.34). Isaías lamentava a situação do povo de Deus que ele descreveu empregando a figura de uma pessoa machucada cujas feridas não foram “amolecidas com óleo” (1.6).

Tiago não tinha em mente mágica nenhuma, quando mencionou o uso do óleo. Muito menos se estava referindo ao sacramento católico de extrema-unção ou a práticas de alguns evangélicos. Tiago não escreveu sobre nenhum tipo de unção cerimonial. A palavra grega “ungir” (aleípho), empregada por Tiago, não indica unção cerimonial. A palavra comumente usada para cerimonial era “chrio”(cognata de christós, “ungido”- Cristo, o “Ungido”). A palavra “aleípho” era usada para descrever a aplicação pessoal de unguentos, loções e perfumes que em geral tinham uma base de óleo – o termo relaciona-se com lipos, “gordura”. Era empregado significando até argamassa para paredes. O vocábulo cognato exaleípho intensifica o conceito de esfregar ou aplicar óleo e dá a idéia de untar, apagar, enxugar, raspar, etc.  Aleíptes era o “treinador” que massageava os atletas numa escola de ginástica. Em português: alipta. O termo aleípho ocorria muitas vezes nos tratados de medicina. Assim é que vem à tona que o que Tiago pretendia com o uso do óleo era o emprego dos melhores recursos médicos daquele tempo. Tiago simplesmente disse que se aplicasse óleo (frequentemente usado como base de misturas de várias ervas medicinais) no corpo e que se fizesse oração.

O que o escritor bíblico defendia era o emprego da medicina aceita e consagrada. Nessa passagem ele apregoou que as doenças fossem tratadas com recursos médicos acompanhados de oração. Ambos os elementos devem ser usados juntos; nenhum deles deve excluir o outro. Portanto, ao invés de ensinar a cura pela fé, independente do uso de medicamentos, a passagem ensina justamente o contrário. Mas quando se usam medicamentos, estes devem ser usados conjuntamente com a oração. Aí está a razão por que Tiago disse que a oração da fé cura o doente. Os líderes (Presbíteros – ou pastores) da igreja deveriam tomar providência, talvez por estes feridos estarem envolvidos na obra da igreja.

O fato de Deus poder curar e algumas vezes mesmo sem o emprego de meios, não nos deve pensar que recorrer à medicina é desonrá-lO. O  não-crente usa a medicina sem oração; o crente pode usar a oração com a medicina, contudo ambos, afinal, dependerão de Deus.


Por: Rev. Ronaldo P Mendes

quinta-feira, 26 de julho de 2012


UMA VEZ SALVO , SALVO PARA SEMPRE?

O que leva uma pessoa a dar as costas para Cristo? Qual motivo, circunstância ou razão pode levar a tal ato de desprezo? E quando uma pessoa que confessa Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador age assim? A verdade é que essa pessoa nunca foi convertida. Ela vai ao culto simplesmente por ir, para fazer algo no domingo ou durante a semana. Há pessoas que desprezam o culto, não lhe dão o seu devido valor. Essas pessoas assistem o culto em vez de participarem do culto. Como “telespectadores”, elas assistem um culto como assistem a uma festa, a uma representação teatral, a um filme. Dessa forma, durante o culto elas se resumem a ver, ouvir e emocionar-se e, na saída, podem ficar tristes, alegres ou apáticas com a apresentação assistida, conforme seus gostos e opiniões pessoais. Nada justifica que uma pessoa que diz ser salva se separe do amor de Cristo, a não ser pelo motivo dessa pessoa nunca ter sido salva de verdade.
A Bíblia diz: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro’. Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”(Rm 8.35-39)
“Esta é a marca que distingue o crente: que ele pertence a Cristo; que é perseverante nas coisas de Cristo; que procura ‘fazer cada vez mais firme a (sua) vocação e eleição’. O crente em Cristo pode cair em tentação, mas o Senhor ‘... não (o) deixará tentar acima do que (pode), antes com a tentação dará também o escape’ de modo que o crente saia dela e prossiga de novo nas coisas que dizem respeito a Salvação para a glória de Cristo.” (W. J. Seaton)    
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.28-31).
Nada separará os eleitos do amor de Cristo! Nossa salvação esta garantida em Cristo Jesus, a Bíblia é clara  em dizer que os que de antemão conheceu, também os predestinou e chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Nao há mérito humano e sim toda honra e toda glória seja dada Deus, pois pela sua Soberana vontade nos reconciliou consigo mesmo.

sábado, 30 de junho de 2012




  



    BUSCAR O PRAZER EM DEUS MINA
O ORGULHO E A AUTOCOSMISERAÇÃO
Contra todo o orgulho humano, “Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas... a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1Co 1.28-29). Qualquer visão da vida cristã que alega confirmação Bíblica deve ser inimiga do orgulho. Este é um dos grandes valores da busca do prazer cristão. Ele mina o poder do orgulho.
O orgulho é o principal mal no universo. O Senhor não deixa duvidas sobre como Ele se sente a respeito: “Odeio o orgulho e a arrogância...” (Pv 8.13 NVI).
A busca pelo prazer cristão combate o orgulho porque coloca o homem na categoria de vaso vazio debaixo da fonte de Deus. Filantropos podem se gabar. Os que dependem da ajuda do governo para suas necessidades básicas não podem. A principal experiência da busca pelo prazer cristão é de desamparo, desespero e anseio. Quando uma criança desamparada, perde o chão por ser carregada pela corrente do mar numa praia e seu pai o pega na hora certa, ela não se gaba; ela abraça.
A natureza e profundidade do orgulho humano são iluminadas quando a vanglória é comparada á autocomiseração. Ambas são manifestações de orgulho. A vanglória é a resposta do orgulho ao sucesso. A autocomiseração é a resposta do orgulho ao sofrimento.  A vanglória diz: “Eu mereço admiração porque eu alcancei tanto”. A autocomiseração diz: “Eu mereço admiração porque eu sofri tanto”. A vanglória é a voz do orgulho no coração do forte. A autocomiseração é a voz do orgulho no coração do fraco. A vanglória soa auto-suficiente. A autocomiseração soa sacrificial.
O motivo pelo qual a autocomiseração não parece orgulho é que ela parece tão carente. Mas esta carência vem de um ego ferido. Ela não vem de um senso de falta de valor, mas de um senso de valor que não foi reconhecido. É a resposta do orgulho não aplaudido.
Buscar o prazer cristão corta a autocomiseração pela raiz. As pessoas não sentem autocomiseração quando o sofrimento é aceito por causa de uma alegria futura.
“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.”
(Mt 5.11-12)
Esta é o machado que corta a autocomiseração pela raiz. Quando aqueles que buscam o prazer cristão têm de sofrer por causa de Cristo, eles não se valem de seus próprios recursos como se fossem heróis. Eles se tornam como criancinhas que confiam na força de seu pai e que querem a alegria de sua recompensa. Os maiores sofredores por Cristo sempre desviaram o louvor e a pena por testemunharem sua alegria em Cristo. Nós veremos isso especialmente na vida de missionários.
É possível ver esse princípio funcionar continuamente na vida dos salvos. Outrora um professor de seminário, por exemplo, guardava a porta da geladeira de uma igreja. Uma vez, quando participava de um culto, o pastor o louvor pela sua disposição em servir neste papel tão despercebido mesmo tendo doutorado em teologia. O professor humildemente desviou e abrandou o louvor dirigido a ele ao citar o Salmo 84.10; “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar á porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade”.
Em outras palavras: “Não pense que eu estou superando grandes obstáculos da inclinação da minha carne para guardaras portas do santuário, como se fosse um herói. A palavra de Deus diz que isto me trará grande alegria! Eu estou aumentando minha alegria em Deus”. Nós não sentimos pena ou louvamos de forma excessiva àqueles que estão simplesmente fazendo aquilo que os tornará mais felizes: E mesmo quando vemos até isso como virtude, nossa admiração será desviada para o Tesouro que satisfaz nossas almas; não somente para a satisfação em si mesma. Desfrutar daquele que pode ser desfrutado para sempre não é um grande feito. A não ser que estejamos espiritualmente mortos. Nesse caso, a solução é a ressurreição, e só Deus ressuscita os mortos. O que nos resta é respirar o doce ar da graça do lado de fora do túmulo.
Nós não sentimos pena ou louvamos de forma excessiva àqueles que estão simplesmente fazendo aquilo que os tornará mais felizes.
A maioria das pessoas reconhece que fazer algo porque os faz felizes – mesmo em nível horizontal – é uma experiência que traz humildade. Um homem de negócios, por exemplo, pode levar alguns amigos para jantar. Quando ele pega a conta, seus amigos começam a dizer quão bom é da parte dele pagar a conta para eles. Mas ele simplesmente levanta sua mão com um gesto de “pare”. Dai, ele diz: “ É um privilégio para mim”. Em outras palavras, se eu fizer uma boa ação pelo prazer contido nela, o impulso do orgulho se quebra. A quebra desse impulso é a vontade de Deus, e é um dos motivos por que buscar o prazer cristão é tão essencial para a vida cristã.

segunda-feira, 11 de junho de 2012




O culto

A reunião que os fiéis servos de Deus realizam para adorar o Senhor de toda a terra denominamos – privilegio de expressar seu sentimento de gratidão e de louvor para com o Pai Celestial e para com seu Filho, Jesus Cristo. É também um testemunho de fé no Salvador.
Nenhuma pessoa que diga crente em Jesus Cristo deixará a reunião do culto por motivos banais, motivos que não possam ser apresentados a Deus.
O culto é a preciosa hora de reunião dos crentes, tornando efetiva a comunhão de uns com os outros na mesma fé, e é também o momento solene de encontrarem com o Senhor, todos juntos, em espirito e em verdade.
Há pessoas que desprezam o culto, não lhe dão o devido valor; não alcançam desenvolvimento espiritual suficiente para compreender a sua significação e seu valor para a alma do adorador. Essas pessoas assistem o culto em vez de participar do culto.
Assistimos a uma festa, a uma representação teatral, a um filme; nisto a parte do assistente consiste em ver, ouvir e emocionar-se, e, retirando-se, pode sair triste, alegre ou apático, sem que dele se exija outra coisa.
Do participante do culto exige-se que tenha uma reação espiritual em cada parte, e, ainda, que ao sair da reunião sinta a presença do Senhor.
Podemos encontrar as razões do culto em toda a palavra de Deus e, de modo especial, no livro dos Salmos. No salmo 95.1-6 encontramos as seguintes expressões: “vinde, cantemos ao SENHOR... apresentemo-nos ante a sua face com louvores... porque o SENHOR é Deus Grande, é Rei... adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou”. Por que adorar a Deus?
Por que é Senhor, é Deus grande, é Criador. No salmo 111, o poeta faz lembrar as obras do Senhor, nas quais há glória, majestade, justiça, verdade, juízo e retidão, e para nós, cristão, é motivo de louvor, sobretudo a Redenção, pelo sangue de Jesus Cristo.
O assistente só vê ali uma reunião social, só lhe interessa a oratória do pregador ou sua cultura: desinteressa lhe a reunião, o culto, as expressões piedosas. Em geral, o assistente não aproveita a benção do culto.
Há diferença entre culto e reunião de evangelização, comumente também chamada culto. Enquanto no culto os crentes estão recebendo alimento para a alma, na reunião de evangelização todos os crentes estão com o pensamento voltado para os que ainda não receberam o Senhor Jesus Cristo como salvador pessoal, procurando dar testemunho pela presença, orando e anunciando a essas almas as consoladoras verdades do evangelho. O objetivo deste é propagar o evangelho e o daquele outro é adorar o Deus onipotente e Salvador das nossas almas.
Irmão, qual é a sua atitude para com o culto? Você é assistente ou participante? Ouve o pregador para se deliciar com sua oratória, ou participa dos atos e das expressões de culto como quem está ansioso para dar glória a Deus e dele receber a bênção da comunhão espiritual com ele e com os irmãos?

quinta-feira, 31 de maio de 2012



A reforma começa em casa




Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.
(1 Pedro 3:7).



A necessidade de reforma na igreja é absurda. Há desmandos, desvios, devaneios e engano por toda parte assolando a Noiva de Cristo. Ao ser perguntado onde reside o problema, o crente é rapidamente (e corretamente) levado a apontar o dedo para Adão e Eva. Mas eu creio que Adão, primordialmente, foi responsabilizado em Gênesis 3.17, de onde deriva um ensinamento que nós, homens (sexo masculino e não humanidade), precisamos assimilar. Quero advogar que qualquer reforma que precisamos estabelecer na igreja  só poderá ser completa se começar em casa. A família precisa ser conduzida pela Palavra de Deus e cada membro da casa deve entender o papel que Deus estabeleceu na Bíblia. Mas esse breve artigo, como já indicado, tem endereço certo: o homem! Não apenas Adão recebe a responsabilidade pela queda – mesmo Eva tendo sido aquela que foi enganada (1Tm 2.14) -, mas neste texto (1Pe 3.7), o apóstolo trata da responsabilidade do homem na casa. Dele, vejamos alguns princípios:

Viver a vida comum do lar. Há a idéia errada de que o casamento correto é de um senhor e uma escrava, no qual a mulher serve apenas para satisfazer os desejos do homem; mas Pedro, sem negar responsabilidade da casa seja tarefa feminina, não o faz sem declarar que o homem deve, sim, participar com alegria e disposição da vida comum do lar. 
Viver a vida comum do lar com discernimento. Esse talvez seja o ponto mais difícil, pois o discernimento requer compreensão, é dever do homem buscar entender a sua esposa,  o que o leva ao próximo ponto.
Ter consideração pela mulher, como parti mais frágil. Há uma imprecisão no significado de ser a parte mais frágil, contudo quando os homens assumirem realmente o papel que lhes cabe, as mulheres compreenderão que é grande privilégio para elas serem assim, frágeis; pois o homem precisa tratar a mulher com dignidade, cuidado, protegendo, provendo, assumindo sempre toda a responsabilidade e (até mesmo) a culpa por todos os erros, assim como Cristo vez com  sua noiva: a igreja.
Porque sois juntamente herdeiros da mesma graça. Longe de Pedro entender que as mulheres são inferiores, ao contrário, elas devem ser bem cuidadas e consideradas rainhas da casa pelo marido, uma vez que eles são herdeiros da mesma graça de vida. Há aqui uma interdependência, como Paulo ensina. "No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher". (1Cor 11.11).
Para que não se interrompam as vossas orações. E aqui termina esse versículo, trazendo a maior responsabilidade do homem: cuidar para que a vida espiritual e piedosa da família seja levada de modo perfeito no lar. Ele é responsável por preservá-la de maneira linda e sem ruga (Ef 5) espiritualmente para Deus.
Como vimos aqui, de modo breve, ser homem segundo a Bíblia não é fácil, pois nossa sociedade tem dado á mulher papéis masculino exatamente para que os homens transfiram a responsabilidade para ela; como já o nosso cabeça federal nos ensinou em Genesis 3.12  Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa”. Graças a Deus pelo segundo Adão que, assumiu a culpa da amada, nos adverte pelo seu apóstolo, apontando seu exemplo, dizendo em Efésios 5.25 “Amai vossa esposa, assim como Cristo amou a sua igreja e a si mesmo se entregou por ela”

Que os maridos assumam o papel que lhes cabe, pois a reforma começa em casa, e isso nas mãos daquele que é o responsável; sejamos homens verdadeiros e comecemos a reformar a nossa casa.  

sábado, 7 de abril de 2012




DEPRAVAÇÃO TOTAL 



A medida em que consideramos o primeiro dos cinco pontos do calvinismo, certamente o que deve nos impressionar é o fato  deste sistema começar por algo fundamental á questão da salvação, a saber, uma avaliação correta da condição daquele que deverá ser salvo. Se tivermos uma perspectiva deficiente e amena sobre o pecado, então estamos sujeitos a ter uma perspectiva deficiente quanto aos meios necessários para a salvação do pecador. Se acreditarmos que a queda do homem no jardim do Éden foi só parcial, então é provável que fiquemos satisfeitos com uma salvação que seja atribuível parcialmente ao homem e parcialmente a Deus. Como palavras de J.C. Ryle sobre o assuntos são cheios de bom senso! “Existem muito poucos erros e doutrinas falsas”, diz ele, “cujas origens não possam ser vinculadas a pontos de vista incorretos sobre a corrupção da natureza humana. Perspectivas erradas sobre uma doença sempre trarão consigo perspectivas erradas sobre uma cura. Perspectivas erradas sobre a corrupção da natureza humana sempre trarão consigo perspectivas erradas sobre o grandioso antídoto e cura daquela corrupção”.

Com plena consciência de que este era o caso, os teólogos da reforma e aqueles que reduziram os ensinamentos reformados a esses cinco pontos no Sínodo de Dort, baseando seus julgamentos firmemente nas Escritura, afirmaram que o estado natural do homem era de total depravação, e portanto havia total incapacidade do homem para obter ou contribuir a favor de sua própria salvação.

Quando os calvinistas falam de em depravação total, entretanto, não querem dizer que todo homem é tão mau quanto poderia ser, nem que o homem seja incapaz de reconhecer a vontade de Deus: nem ainda que seja incapaz de fazer o bem para os seus semelhantes, ou até de ser submisso extremamente ao culto a Deus. O que querem dizer é que quando o homem caiu no Jardim do Éden, caiu em sua “totalidade”. A personalidade do homem foi afetada como um todo pela Queda, e o pecado atinge a todas as faculdades – a vontade, o entendimento, as afeições, etc. Acreditamos que isso é irrefutavelmente ensinado na palavra de Deus, á qual passamos a nos referir. O segue é somente uma seleção da Escrituras que confirmam os ensinamentos da teologia reformada calvinista sobre a depravação total.

A Bíblia ensina com clareza absoluta que o homem, por natureza, está MORTO:“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”(Rm 5.12).

A Bíblia nos diz que o homens estão AGRILHADOS.  “disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade”(2Tm 2.25-26).

Mostra-nos que o homem é CEGO e SURDO. “...mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam”(Mc 2.11-12).

Mostra-nos, também, que somos IGINORANTES. “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”(1Co 2.14).

A Bíblia fala de nós como sendo PECAMIOSOS POR NATUREZA.

1º Por nascimento: “Eu nasci na iniqüidade,
e em pecado me concebeu minha mãe”(Sal 51.5).

2º Por pratica: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”(Gn 6.5).

Esse então é o estado natural do homem. Portanto, devemos perguntar: podem os MORTOS se levantar? Podem os PRESOS se libertar? Podem os CEGOS dar-se visão, ou os SURDOS audição? Podem os ESCRAVOS se remir? Podem os IGINORANTES ensinar a si mesmo? Podem os PECAMINOSOS POR NATUREZA mudar a si mesmo? Certamente que não! “Quem do imundo tirará o puro?” pergunta Jó; e responde “Ninguém” (Jó 14.4).

“Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal”(Jr 13.23).

Poderia a Palavra de Deus mostrar mais claramente do que faz, que a depravação total? O quadro é de morte – morte espiritual. Somos como Lázaro em seu túmulo; mãos e pés amarrados; fomos tomados pela corrupção. Assim como não havia qualquer lampejo de vida no corpo morto de Lázaro, assim também não há “centelha interna receptiva” em nossos corações. Mas o Senhor opera o milagre – tanto com o fisicamente morto, quanto com o espiritualmente morto; pois “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”(Ef 2.1). Salvação, por sua própria natureza, tem que ser “do Senhor”.  


quinta-feira, 29 de março de 2012




                       Vox Dei
A pregação, como uma forma distinta de comunicação da vontade de Deus revelada na sua Palavra, está em declínio. Em muitas igrejas ela tem sido substituída por um número cada vez maior de atividades.
Há 30 anos atrás, o Dr. Martyn Lloyd-Jones foi convidado a proferir uma série de conferências no Westminster Theological Seminary, em Filadélfia. Nessas palestras, publicadas em 1971 com o título Pregação e Pregadores, ele enfatizou que a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro, e explicou que estava ressaltando isso “por causa da tendência, hoje, de depreciar a pregação em prol de várias outras formas de atividade.”1 A situação não melhorou. John J. Timmerman observou, quase vinte anos depois, que “em muitas igrejas o sermão é uma ilha que diminui cada vez mais em um mar turbulento de atividades.”
Mesmo igrejas de tradição reformada parecem estar sucumbindo paulatina, mas progressivamente, a essa tendência, e o lugar da pregação no culto tem perdido importância. John Frame, teólogo de tradição reformada, publicou há dois anos o livro Culto em Espírito e em Verdade: Um Estudo Estimulante dos Princípios e Práticas do Culto Bíblico. No livro o autor nega, entre outras coisas, que a pregação seja função restrita dos ministros da Palavra, ou mesmo dos presbíteros em geral, considera a dramatização e o diálogo métodos legítimos de ensino no culto público, e não vê razão pela qual um culto público não possa ser inteiramente musical. David Engelsma, outro reformado conhecido, observa, entretanto, que com base na negação de qualquer distinção entre o culto público oficial e o culto familiar, John Frame faz uma interpretação tão ampla do princípio regulador reformado, que este acaba se tornando sem sentido.4Muitas são as razões para o declínio contemporâneo da pregação. O surgimento de novos meios de comunicação e de novas mídias interativas, a aversão do homem pós-moderno pela verdade objetiva ou absoluta, a secularização da sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e a própria corrupção da pregação, em muitos púlpitos degenerada em eloqüência de palavras, demonstração de sabedoria humana, elucubrações metafísicas, meio de entretenimento, ou embromação pastoral dominical, certamente são algumas delas. Uma das principais razões, entretanto, diz respeito à concepção moderna da pregação, muitas vezes encarada como atividade meramente humana e pouco relevante, cuja eficácia depende fundamentalmente das habilidades naturais ou capacidade do pregador.
Todas estas tendências, influências e concepções produziram resultados devastadores sobre a pregação nos meios evangélicos. Ela tornou-se como que um apêndice no culto público, e as conseqüências, sem dúvida, se têm feito sentir na vida da igreja. Na perspectiva reformada, o declínio do lugar da pregação no evangelicalismo moderno é uma constatação seríssima. Se a teologia reformada com relação à pregação reflete o ensino bíblico, então muito do estado presente da igreja cristã, se explica como resultado desse declínio da pregação. Meu propósito com este artigo é apresentar, resumidamente, o ensino reformado concernente à natureza, importância, eficácia e propósito da pregação.

I. A NATUREZA DA PREGAÇÃO
O conceito reformado de palavra de Deus é mais amplo do que aquele geralmente compreendido pela expressão. Ele inclui a palavra escrita: a Bíblia; a palavra encarnada: Cristo; a palavra simbolizada ou representada: os sacramentos do batismo e da ceia; e a palavra proclamada: a pregação. Na teologia reformada, portanto, a pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Esta concepção de pregação é professada no primeiro capítulo da Segunda Confissão Helvética, de Bullinger, nos seguintes termos:
A Pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Por isso, quando a Palavra de Deus é presentemente pregada na igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a própria palavra de Deus é proclamada e recebida pelos féis; e que nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu...
Isto não significa identificação absoluta da palavra pregada com a palavra escrita. As Escrituras são definitivas e supremas, inerentemente normativas, enquanto que a autoridade da pregação é sempre delas derivada e a elas subordinada. Não significa também que a pregação seja inspirada ou inerrante. Os pregadores, por mais fiéis que sejam na exposição das Escrituras, não são preservados do erro como o foram os autores bíblicos. Muito menos significa que os ministros da Palavra sejam instrumentos de novas revelações do Espírito. O próprio documento reformado acima citado repudia essa idéia, ao afirmar que “nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu.”
A pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus, primeiro porque é na condição de porta-voz, de embaixador, de representante comissionado por Deus, que o pregador fala (2 Co 5.20). “A natureza da obra do pregador,” observa Dabney, “é determinada pela palavra empregada para descrevê-la pelo Espírito Santo. O pregador é um arauto.” A pregação é palavra de Deus porque é entregue em nome de Deus, e debaixo da sua autoridade. Em segundo lugar, a pregação é palavra de Deus em virtude do seu conteúdo. Parker observa que a pregação recebe seu status de palavra de Deus das Escrituras. A pregação “é palavra de Deus, porque transmite a mensagem bíblica, que é a mensagem ou Palavra de Deus.” Enquanto a pregação refletir fielmente a Palavra de Deus, ela tem a mesma autoridade, e requer dos ouvintes a mesma obediência. 
Robert L. Dabney observa que o uso do termo arauto para descrever o ofício do pregador encerra duas implicações. Primeiro, que não lhe compete inventar sua mensagem, mas transmiti-la e explicá-la. Segundo, que o arauto
...não transmite a mensagem como mero instrumento sonoro, como uma trombeta ou tambor; ele é um meio inteligente de comunicação...; ele tem um cérebro, além de uma língua; e espera-se que ele entregue e explique de tal maneira a mente do seu senhor, que os ouvintes recebam, não apenas os sons mecânicos, mas o verdadeiro significado da mensagem.” 
Pregação, definiu Phillips Brooks, é a comunicação da verdade de Deus através da personalidade do pregador. Assim como a palavra inspirada não deixa de ser divina, embora escrita por autores humanos em pleno uso de suas peculiaridades humanas, assim também a palavra pregada não deixa de ser de Deus por ser mediada pela personalidade do pregador.
Na verdade, mais do que mero instrumento de comunicação da vontade de Deus, a pregação, na concepção reformada, é um dos meios pelos quais Cristo se faz presente na igreja. Assim como a fé reformada crê na real presença espiritual de Cristo nos sacramentos, crê também na sua real presença espiritual na pregação, pela qual ele salva os eleitos e edifica e governa a igreja. Essa concepção, em certo sentido sacramental da pregação, considerada como que uma epifania de Cristo, é afirmada freqüentemente por Calvino nas Institutas e em seus comentários. Leith observa que, nas Institutas (4.14.26), Calvino cita Agostinho, o qual referia-se às palavras como sinais, porquanto na sua concepção, “na pregação, o Espírito Santo usa as palavras do pregador como ocasião para a presença de Deus em graça e em misericórdia,” e, “nesse sentido, as palavras do sermão são comparáveis aos elementos dos sacramentos.” 
A concepção reformada de pregação como vox Dei é compartilhada por Lutero. Comentando João 4.9-10, o reformador pergunta: “Quem está falando [na pregação]? O pastor? De modo nenhum! Vocês não ouvem o pastor. A voz é dele, é claro, mas as palavras que ele emprega são na realidade faladas pelo meu Deus.” Condenando a tendência católica romana de transformar em sacramento tudo o que os apóstolos fizeram, Lutero afirma que se alguma dessas práticas tivesse que ser sacramentalizada, que a pregação o fosse.
Foi Calvino, entretanto, quem elaborou mais detalhadamente a questão da natureza da pregação como “a voz de Deus.” Em seu comentário de Isaías ele afirma que na pregação “a palavra sai da boca de Deus de tal maneira que ela de igual modo sai da boca de homens; pois Deus não fala abertamente do céu, mas emprega homens como seus instrumentos, a fim de que, pela agência deles, ele possa fazer conhecida a sua vontade.” Comentando Gálatas 4.19, “até ser Cristo formado em vós,” Calvino enfatiza a eficácia do ministério da Palavra, afirmando que porque Deus “...emprega ministros e a pregação como seus instrumentos para este propósito, lhe apraz atribuir a eles a obra que ele mesmo realiza, pelo poder do seu Espírito, em cooperação com os labores do homem.” Para Calvino, a leitura e meditação privadas das Escrituras não substituem o culto público, pois “entre os muitos nobres dons com os quais Deus adornou a raça humana, um dos mais notáveis é que ele condescende consagrar bocas e línguas de homens para o seu serviço, fazendo com que a sua própria voz seja ouvida neles.” Por isso, quem despreza a pregação despreza a Deus, porque ele não fala por novas revelações do céu, mas pela voz de seus ministros, a quem confiou a pregação da sua Palavra. Ao falar Deus aos homens por meio da pregação, Calvino identifica dois benefícios: “...por um lado, ele [Deus], por meio de um teste admirável, prova a nossa obediência, quando ouvimos seus ministros exatamente como ouviríamos a ele mesmo; enquanto que, por outro, ele leva em consideração a nossa fraqueza ao dirigir-se a nós de maneira humana, por meio de intérpretes, a fim de que possa atrair-nos a si mesmo, ao invés de afastar-nos por seu trovão.”
Os puritanos não pensavam de modo diferente. Eles viam o pregador da Palavra como um porta-voz de Deus. Eles afirmavam que “na fiel exposição da Palavra, Deus mesmo está pregando, e que se um homem está fazendo uma verdadeira exposição das Escrituras, Deus está falando, pois é a palavra de Deus, e não a palavra do homem.” “Não pode haver dúvida de que para estes adoradores, a pregação da Palavra tornou-se um sacramento verbal.’’ John Owen, por exemplo, escreveu que “Cristo nos chama a si... nas pregações do evangelho, pelas quais ele é evidentemente crucificado diante de nossos olhos” (Gl 3.1). Mencionando a mesma passagem bíblica, Paul Helm comenta que, na pregação, os Gálatas como que viram a Cristo com seus próprios olhos. Ele também observa que “os protestantes geralmente enfatizam que a graça conferida nos sacramentos não é de natureza diferente e, certamente, não superior àquela conferida na pregação fiel... assim como os sacramentos são emblemas visíveis da graça de Deus, assim também é a pregação fiel.”

II. A RELEVÂNCIA DA PREGAÇÃO
Em virtude dessa elevada concepção da pregação como vox Dei, a fé reformada atribui à proclamação pública da Palavra de Deus a maior importância. Na tradição reformada a pregação é considerada como o principal meio de graça, como a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra, como o elemento central do culto, como marca genuína da verdadeira igreja e como o meio por excelência pelo qual é exercido o poder das chaves.
A. O Principal Meio de Graça
Na teologia reformada a pregação é um meio de graça. Ela e a ministração dos sacramentos são as ordenanças pelas quais o pacto da graça é administrado na nova dispensação.
De fato, na concepção reformada, a pregação é o mais excelente meio pelo qual a graça de Deus é conferida aos homens, suplantando inclusive os sacramentos. Os sacramentos não são indispensáveis; a pregação é. Os sacramentos não têm sentido sem a pregação da Palavra, sendo-lhe subordinados.Os sacramentos servem apenas para edificar a igreja; a pregação, além disso, é o meio por excelência pelo qual a fé é suscitada; é o poder de Deus para a salvação. Os sacramentos são como que apêndices à pregação do evangelho. É assim que reformadores e puritanos interpretam as palavras de Paulo em 1 Coríntios 1.17: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho.” Para Calvino, os sacramentos não têm sentido sem a pregação do evangelho. Quando a ministração dos sacramentos é dissociada da pregação, eles tendem a ser considerados como práticas mágicas.
A idéia puritana quanto à relevância da pregação não é diferente. Lloyd-Jones observou que “os puritanos asseveravam também que o sermão é mais importante que as ordenanças ou quaisquer cerimônias. Alegavam que ele é um ato de culto semelhante à eucaristia, e mais central no serviço da igreja. As ordenanças, diziam eles, selam a palavra pregada e, portanto, são subordinadas a ela.” Comentando Efésios 4.11, Hodge explica o papel do pregador como canal da operação do Espírito como segue:
Assim como no corpo humano há certos canais por meio dos quais a influência vital flui da cabeça para os membros, os quais são necessários à sua comunicação, assim também há certos meios divinamente designados para a distribuição do Espírito Santo, de Cristo para os diversos membros do seu corpo. Quais canais de influência divina são esses, pelos quais a igreja é sustentada e impulsionada, é claramente indicado no verso 11, no qual o apóstolo diz: “Cristo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos.” É, portanto, através do ministério da Palavra que a influência divina flui de Cristo, o cabeça, para todos os membros do seu corpo; de modo que onde o ministério falha, a influência divina falha. Isto não significa que os ministros, na qualidade de homens ou oficiais, sejam de tal modo canais do Espírito para os membros da igreja, que sem a intervenção ministerial deles, ninguém se torna participante do Espírito Santo. Significa, sim, que os ministros, na condição de despenseiros da verdade, são, portanto, os canais da comunicação divina. Pelos dons da revelação e inspiração, Cristo constituiu uns apóstolos e outros profetas para a comunicação e registro da sua verdade; e pela vocação interna do seu Espírito, ele constitui outros evangelistas e outros pastores, com vistas à sua constante proclamação e persuasão. E é somente (no que diz respeito aos adultos) em conexão com a verdade assim revelada e pregada, que o Espírito Santo é comunicado. 
Que graças são comunicadas por meio da pregação? A pregação é o meio pelo qual as pessoas adultas e capazes são externamente chamadas para a salvação.40 É a causa instrumental da fé e principal meio pelo qual a fé é aumentada e fortalecida, a igreja é edificada e o Reino de Deus é promovido no mundo. Pela pregação da Palavra a igreja é ensinada, convencida, reprovada, exortada e confortada.

B. A Tarefa Primordial da Igreja e do Pregador
Na concepção reformada, a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra. Em suas mensagens e escritos, os reformadores condenam insistente e duramente o clero romano por negligenciar a pregação. Incapacitados para a tarefa, os sacerdotes católicos delegavam a função a outros, e dedicavam-se a atividades secundárias, ou mesmo à ociosidade e à luxúria. A superficialidade e leviandade com que as pessoas participavam da missa era, para Lutero, culpa dos bispos e sacerdotes, que não pregavam nem ensinavam as pessoas a ouvir a pregação. Ele considera que:
...não há praga mais cruel da ira de Deus do que quando ele envia fome [escassez] de ouvir sua Palavra, como diz Amós [8.11s], como também não existe maior graça do que quando envia sua Palavra, conforme o Salmo 107.20: “Enviou sua Palavra e os sarou, e os livrou de sua perdição.” Também Cristo não foi enviado para outra tarefa do que para [pregar] a Palavra; também o apostolado, o episcopado e toda ordem clerical para outra coisa não foram chamados e instituídos do que para o ministério da Palavra.
Para Lutero, “...quem não prega a Palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é sacerdote de maneira alguma... quem não é anjo (mensageiro) do Senhor dos Exércitos ou quem é chamado para outra coisa que não para o angelato (por assim dizer), certamente não é sacerdote... Por isso também são chamados de pastores, porque devem apascentar, isto é, ensinar. O múnus do sacerdote é pregar. O ministério da Palavra faz o sacerdote e o bispo.”
Calvino também condena repetidas vezes os sacerdotes e bispos por não pregarem o evangelho. Comentando Atos 1.21-22, quando Barsabás e Matias são indicados para preencher a vaga de Judas no apostolado, como testemunhas da ressurreição de Cristo, Calvino conclui com isso que o ensino e a pregação são funções essenciais do ministério. 
Devemos ser fiéis em cada parte das nossas obras ministeriais, e nos empenhar para magnificar nosso ofício. De maneira particular, devemos atentar para a nossa pregação, a fim de que ela seja não apenas sã, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e perscrutadora; bem pertinente à época e tempos em que vivemos, labutando diligentemente para isso.
Dentre as passagens bíblicas que fundamentam essa característica da pregação reformada, as seguintes podem ser mencionadas: com relação a Jesus, Lucas 12.14 e João 6.14-15; com relação aos apóstolos, Atos 6.1-7 e 1 Coríntios 1.17; com relação aos evangelistas, precursores do ministério permanente da pregação da Palavra, 1 Timóteo 5.15; e com relação aos ministros permanentes da Palavra, Romanos 10.13-17 e 2 Timóteo 4.1-4.

C. A Centralidade da Pregação no Culto
No culto medieval, a pregação era considerada, no máximo, como elemento preparatório para a ministração e recepção dos sacramentos. Na concepção reformado-puritana, “a leitura das Escrituras, com santo temor, a sã pregação da Palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus com entendimento, fé e reverência...,” são os principais elementos do culto a Deus na dispensação da graça. A Reforma restaurou a pregação à sua posição bíblica, conferindo a ela a centralidade no culto público.
Na antiga dispensação, o elemento central do culto público era o sacrifício, uma pregação simbólica apontando para o sacrifício de Cristo. Na nova dispensação, havendo Cristo oferecido a si mesmo como o Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo, não há mais lugar para sacrifícios. A pregação da Palavra é a legítima substituta do sacrifício como atividade central do culto na dispensação da graça. O que o sacrifício proclamava de forma simbólica e pictórica na antiga dispensação, deve ser agora anunciado de forma oral, pela leitura e pregação da Palavra.
Com o propósito de restaurar a igreja em Genebra ao modelo bíblico, Calvino e outros redigiram as Ordenanças Eclesiásticas, um manual de governo eclesiástico e de culto. De acordo com asOrdenanças, a pregação da Palavra deveria ser o elemento essencial do culto público e a tarefa essencial e central do ministério pastoral. No seu prefácio aos sermões de Calvino sobre o Salmo 119, Boice observa:
Quando a Reforma Protestante aconteceu no século XVI e as verdades da Bíblia, que por longo tempo haviam sido obscurecidas pelas tradições da igreja medieval, novamente tornaram-se conhecidas, houve uma imediata elevação das Escrituras nos cultos protestantes. João Calvino, em particular, pôs isto em prática de modo pleno, ordenando que os altares (há muito o centro da missa latina) fossem removidos das igrejas e que o púlpito com uma Bíblia aberta sobre ele fosse colocado no centro do prédio. 
Lutero também “...considerava a pregação como a parte central do culto público e colocava a pregação da Palavra até mesmo acima da sua leitura.” Timothy George descreve assim a contribuição de Lutero para a pregação:
Lutero recuperou a doutrina paulina da proclamação: a fé vem pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus... (Rm 10.17). Lutero não inventou a pregação mas a elevou a um novo status dentro do culto cristão... O sermão era a melhor e mais necessária parte da missa. Lutero investiu-o de uma qualidade quase sacramental, tornando-o o núcleo da liturgia... O culto protestante centrava-se ao redor do púlpito e da Bíblia aberta, com o pregador encarando a congregação, e não em volta de um altar com o sacerdote realizando um ritual semi-secreto. O ofício da pregação era tão importante que até mesmo os membros banidos da igreja não deviam ser excluídos de seus benefícios.

D. A Marca Essencial da Verdadeira Igreja
Porquanto na pregação Cristo fala e se faz presente, governando e ensinando a igreja, a fé reformada é unânime em considerar que a pregação da Palavra é uma das marcas da verdadeira igreja. Diversos símbolos de fé reformados, dentre os quais a Confissão Belga (artigo 29), a Confissão Escocesa de 1560 (artigo 18), a Confissão da Igreja Inglesa em Genebra de 1556 (artigos 26-28), a Confissão de Fé Francesa de 1559, e a Segunda Confissão Helvética de 1566 (capítulo 17) professam que a “pregação pura do evangelho,” a “verdadeira pregação da Palavra de Deus,” é uma das marcas pelas quais a verdadeira igreja de Cristo pode ser reconhecida neste mundo. Lutero escreveu que “unicamente Cristo é o cabeça da cristandade. Ele age através do evangelho pregado, do Batismo e da Ceia do Senhor, os quais, portanto, são também os sinais pelos quais a verdadeira igreja se identifica.” Para Calvino, Satanás tenta destruir a igreja fazendo desaparecer a pregação pura. Conseqüentemente,
... os sinais pelos quais a igreja é reconhecida são a pregação da Palavra e a observância dos sacramentos, pois estes, onde quer que existam, produzem fruto e prosperam pela bênção de Deus. Eu não estou dizendo que onde quer que a Palavra seja pregada os frutos imediatamente apareçam; mas que, onde quer que seja recebida e habite por algum tempo, ela sempre manifesta sua eficácia. Mas isto quando a pregação do evangelho é ouvida com reverência, e os sacramentos não são negli­genciados...
De fato, dentre as três marcas da verdadeira igreja geralmente reconhecidas (a pregação, a ministração dos sacramentos e o exercício da disciplina), a pregação é considerada a mais importante. Primeiro, porque inclui as outras duas: como vimos, na concepção reformada, os sacramentos não podem ser dissociados da Palavra, nem o exercício da disciplina. Segundo, porque é através da pregação verdadeira da Palavra que os eleitos são congregados e edificados. Berkhof, por exemplo, afirma que, “estritamente falando, pode-se dizer que a pregação verdadeira da Palavra e seu reconhecimento como o modelo da doutrina e da vida é a única marca da igreja. Sem ela não há igreja, e ela determina a reta administração dos sacramentos e o exercício fiel da disciplina eclesiástica.”
 Herman Hoeksema, outro teólogo reformado, escreveu:
...podemos dizer que a única marca distintiva importante da verdadeira igreja é a pura pregação da Palavra de Deus. Onde a Palavra de Deus é pregada e ouvida, aí está a igreja de Deus. Onde esta Palavra não é pregada, aí a igreja não está presente. E onde esta Palavra é adulterada, a igreja deve arrepender-se ou morrerá.

E. A Responsabilidade do Pregador e dos Ouvintes para a Eficácia da Pregação
Como vimos, a fé reformada condiciona a eficácia da pregação primordialmente à obra do Espírito no pregador e nos ouvintes. Isso, entretanto, não ocorre em detrimento da responsabi­lidade humana de um e de outros. A eficácia da pregação depende também da fidelidade do pregador em não adulterar ou mercadejar a Palavra de Deus (2 Co 2.17 e 4.2) e do uso correto que fizer da Palavra, o qual, por sua vez, dependerá da sua fidelidade no preparo. Depende, ainda, da responsabilidade dos ouvintes em receberem com atenção, reverência, fé e obediência a palavra pregada (Rm 1.5; 15.26).
Os ministros da Palavra são descritos nas Escrituras como “presbíteros que se afadigam na Palavra e no ensino” (1 Tm 5.17), são exortados a manejarem bem a Palavra da verdade (2 Tm 2.15) e a não se tornarem negligentes na preparação para a tarefa (2 Tm 4.14). Da perseverança deles nestes deveres dependerá também a eficácia da pregação para a salvação dos ouvintes (v. 16).
Quanto aos ouvintes, são instados nas Escrituras a considerarem atentamente a Palavra e a não serem negligentes, mas operosos praticantes (Tg 1.25); a “acolherem com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21b); a tornarem-se “praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22).
Reformadores e puritanos enfatizaram bastante a responsabilidade dos ouvintes para a eficácia da pregação. A teologia reformada da palavra pregada resultou em uma teologia reformada da palavra ouvida. Especialmente com relação à edificação dos crentes, esta responsabilidade inclui o devido preparo prévio para ouvir a pregação, a atitude correta ao ouvir a palavra pregada, e o uso apropriado posterior da mensagem ouvida. A preparação prévia requer oração, apetite e um espírito ensinável. Somente uma semana vivida pensando nas coisas do alto, onde Cristo vive, deixa o crente preparado para ouvir a pregação (Cl 3.1-2; 2 Co 4.18). A atitude ao ouvir exige reverência, atenção, humildade e fé (Hb 4.1-2), características daqueles que discernem a real natureza do culto e da pregação. O uso apropriado posterior inclui meditação, oração e prática da mensagem ouvida (Tg 1.21-25). 
Lutero escreveu que “incorre em grave pecado quem não ouve [a pregação do] evangelho e despreza semelhante tesouro...” Para Calvino, “a pregação é um ato corporativo da igreja toda.” A congregação participa da pregação tão ativamente quanto participa da ceia.Por isso, ele insiste em que os ouvintes venham preparados para receber a mensagem. Ele enfatizou que a pregação da Palavra precisa ser ouvida “com grande reverência”, “bastante atenção,” e “sobriedade para o nosso proveito.” Acima de tudo, disse ele, “precisamos orar continuamente para que o generoso e gracioso Senhor nos conceda seu Espírito, a fim de que por ele a semente da Palavra de Deus seja vivificada em nossos corações.” Calvino menciona também a necessidade de humildade para receber a palavra pregada, mas observa que é o próprio Espírito Santo quem torna uma pessoa desejosa de ser ensinada pela Palavra. William Perkins, um dos pais do puritanismo inglês, escreveu que

...a responsabilidade daqueles que ouvem a pregação da Palavra de Deus, é submeterem-se a ela... O dever de vocês é ouvir a Palavra de Deus, pacientemente, submeter-se a ela, ser ensinados e instruídos, e mesmo ser perscrutados e repreendidos, e ter os seus pecados descobertos e as corrupções arrancadas.
 

Conclusão
 A genuína pregação do evangelho nunca é vã. Os legítimos pregadores do evangelho são sempre conduzidos por Deus em triunfo, pois por meio deles se manifesta em todo lugar a fragrância do conhecimento de Deus. Eles são, diante de Deus, o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos, como nos que se perdem. “Para com estes cheiro de morte para morte; para com aqueles aroma de vida para vida” (2 Co 2.14-16).  Mesmo quando rejeitada, a eficácia da palavra pregada se manifesta tornando indesculpáveis os réprobos, os quais, afirma Calvino, são cegados e estupeficados ainda mais pela pregação da Palavra. Ou a pregação nos aproxima de Deus, ou nos coloca mais perto do inferno. 
Que a vox Dei seja ouvida em nossos púlpitos, para a conversão dos perdidos, para a restauração da imago Dei na alma e na vida dos ouvintes, com vistas à promoção do reino e da glória de Deus no mundo.