quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


Graça irresistível

  “Nenhuma doutrina é tão planejada para preservar o homem do pecado quanto a doutrina da graça” C. H. Spugeon.




Quem busca quem? É o homem que busca a Deus ou Deus que busca ao homem? É Deus que 
busca primeiro ao ser humano. Deus ao buscar ao ser humano então o desperta, para que ele também o busque, porem como uma resposta ao chamado e capacitação divina, sem esse 
chamado e essa capacitação divina o ser humano não buscaria a Deus, nunca buscaria a Deus.  


  • “Deus jamais encontrará em nós algo digno do seu amor, senão que Ele nos ama porque é bondoso e misericordioso” João Calvino.

“Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jr 31.3). Éramos pecadores mortos em nossos deleites e pecados, desprovidos totalmente da graça de Deus merecedores do inferno. Deus não força ao homem a servi-lo e nem o intimida a segui-lo. Mas com amor eterno Ele nos atraiu para si sendo nós indigno do seu amor. Esse amor eterno de Deus não começou ontem, não parte de nós é um amor antes de nós existirmos. Deus esta dizendo para Israel e para seu povo que esse amor é anterior a nós mesmo “Com benignidade te atrair.” “Pois quem jamais resistiu à sua vontade?” (Rm 9.19). O chamado eficaz da graça certamente é irresistível.
O que significa graça irresistível? Sabemos que quando o chamado do evangelho ocorre em uma igreja, ou ao ar livre, ou pela leitura da Palavra de Deus, nem todos atendem. Nem todos ficam persuadidos do pecado e sua necessidade de Cristo. Isso explica o fato de haver dois chamados. Não somente há o chamado exterior, existi também o chamado interior. O exterior pode ser descrito como “palavra do pregador”, e quando ocorre pode operar de modos diferentes em diferentes corações, produzindo uma série de diferentes resultados. Uma coisa não fará, entretanto, não operará obra de salvação no coração do pecador. Para que seja forjada a obra de salvação, o chamado exterior precisa ser acompanhado pelo chamado interior do Espirito santo de Deus, pois é Ele que “convence do pecado, da justiça e do julgamento”. E quando o Espirito Santo chama um homem, ou mulher ou jovem pro Sua graça, esse chamado é irresistível: não pode ser frustrado, é a manifestação da graça irresistível de Deus. Isso é provado vezes e mais vezes na Palavra vivificadora de Deus, como por exemplo, nos versículos e trechos da Bíblia que seguem:

“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37).

Notemos que são aqueles que o pai “dá a Cristo” – os eleitos – que virão a Ele; e quando vierem não serão lançados fora.

“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6.44).

“Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.40).

Aqui nosso Senhor está simplesmente dizendo que é impossível aos homens virem a Ele por si mesmo; o Pai tem que atraí-los. Por natureza, nenhum homem quer vir a Cristo, pois o texto diz: “não quereis vir a mim para terdes vida”. Eu lhes digo, poderia pregar a vocês a vida toda e tomar emprestada a eloquência de Demóstenes ou de Cícero, mas vocês não desejariam vir a Cristo. Poderia lhes implorar de joelhos, com lagrimas nos meus olhos, e mostrar os horrores do inferno e o gozo do céu, como expor a sua própria condição de perdidos e a suficiência de Cristo, porém nenhum de vocês viria a 

Cristo por sua própria vontade, a não ser que o Espirito de Cristo o atraísse. É verdade que todos os homens, em sua condição natural, não virão a Cristo.

“Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim” (Jo 6.45).

Os homens podem ouvir o chamado exterior; mas são aqueles “ensinados por Deus” que responderão e virão a Cristo. Assim foi com Simão Pedro: “Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8.14)

“Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça...” (Gl 1.15).

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1Ped 2.9).
“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá” (1Ped 5.10).

Uma ilustração notável desse ensinamento de graça irresistível, ou chamado eficaz, certamente é o incidente sobre o qual lemos em Atos, capítulo 16. O apóstolo Paulo ensinava o evangelho a um grupo de mulheres às margens do rio em Filipos; e enquanto o fazia, “uma certa mulher chamada Lídia... nos ouvia, e o Senhor lhes abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia:”. Paulo, o pregador, falou aos ouvidos de Lídia – o chamado exterior; mas o Senhor falou ao coração de Lídia – o chamado interior de graça irresistível. Alguns creem que homens e mulheres podem resistir ao chamado do evangelho de Deus, e de fato o fazem, contestando, portanto a existência de uma doutrina como a da graça irresistível. Acreditamos que não somente os homens e mulheres podem resistir ao evangelho de Deus, mas de fato o fazem, e tem que fazê-lo em decorrência de suas naturezas. Assim, há necessidade de existir uma doutrina como a da graça irresistível. Em outras palavras, alguma influência maior que a nossa natureza – maior que a nossa resistência – precisa penetrar nossas almas, ou estaremos perdidos para sempre, pois “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus” (1Co 2.14). Existem três grandes forças trabalhando na salvação do homem:
          
           1. A vontade do homem.
           2. A vontade do diabo.
           3. A vontade de Deus.

Qual será a vitoriosa? Se a vontade de Deus não for vitoriosa na questão de nossa salvação, então a vontade do diabo o será, pois o diabo é mais forte do que nós. Thomas Watson, um puritano do século XVII, coloca a questão nestas palavras:

 “Deus segue em frente conquistando na carruagem de Seu evangelho... Conquistando o orgulho do coração, e faz a vontade que se manteve como um Fort Royal contra Ele se entregar e se inclinar à Sua graça; faz o coração duro sangrar. Oh, é um chamado poderoso! Porque então alguns homens parecem falar de uma persuasão moral? Por que dizem que Deus na conversão de um pecador só persuade moralmente e nada mais? Se Deus na conversão persuadisse só moralmente, então não apresentaria um poder tão grande na salvação dos homens quanto o diabo na destruição deles”.
De quem será a vontade vitoriosa? Nossa vontade? Mas não é ela que realmente se coloca como um 

“Fort Royal” contra o Senhor? “Não quereis vir a mim para terdes vida”. A vontade do diabo? Então quem será salvo, pois sua vontade sempre será mais forte que a nossa? Mas não será isso o evangelho, que “um mais forte do que o forte” apareceu, conquistando e para conquistar na carruagem de seu evangelho? E Ele conquista! Conquista Satanás, e o homem insignificante também, para a glória de Sua graça irresistível.

Não podemos simplesmente ignorar essa maravilhosa doutrina, não podemos fechar os olhos diante dessas verdades expostas na Palavra de Deus. Bíblia.